A Basílica de Santa Maria Maior, também conhecida como Igreja de Santa Maria das Neves, é um dos mais antigos e importantes templos dedicados à Virgem Maria em Roma. Sua dedicação é comemorada em 5 de agosto, uma data que rememora um milagre ocorrido no ano 358, quando nevou no Monte Esquilino em pleno verão italiano. Segundo a tradição, a neve indicou ao Papa Libério o local onde Maria desejava que fosse construída uma igreja em sua honra.

A basílica, situada na Cidade do Vaticano, é conhecida por sua beleza e por abrigar um relicário com um fragmento da manjedoura do Menino Jesus.

História da Basílica de Santa Maria Maior

A Basílica foi construída no século V, durante o pontificado do Papa Sisto III, pouco após o Concílio de Éfeso em 431, que proclamou Maria como Mãe de Deus (Theotokos). Conhecida por sua beleza arquitetônica, a Basílica possui mosaicos bizantinos notáveis, especialmente na nave e no arco triunfal.

Se não compreendemos a figura de Maria, Mãe de Deus, é difícil entender plenamente quem é Jesus, que é Deus e se fez homem. A figura de Maria, Mãe de Deus, não é apenas uma questão de veneração mariana, mas um aspecto essencial da teologia cristã. Ela ajuda a iluminar o mistério de Cristo e reforça a crença de que Jesus é Deus que assumiu a condição humana para a redenção da humanidade. Compreender Maria é, assim, um passo importante para entender a profundidade do mistério cristão e a verdadeira natureza de Jesus Cristo.

Nos primeiros séculos a Igreja Católica enfrentou diversas heresias que desafiavam a doutrina da Trindade, levando a intensos debates teológicos e à convocação de concílios ecumênicos para defender a ortodoxia cristã. Os Concílios de Nicéia (325) e de Constantinopla (381) foram cruciais na formulação e defesa da doutrina trinitária. Após essas definições a igreja chegou ao concílio de Éfeso onde afirmou a identidade de Cristo e a importância de Maria no mistério da encarnação.

O Papa, no final do ano passado, em oração diante da imagem da Salus Popoli Romani  – Vatican News

Concílio de Nicéia (325)

O Concílio de Nicéia, realizado em 325 d.C., foi um marco importante na história da Igreja Cristã, convocado pelo Imperador Constantino I. Seu principal objetivo era resolver a controvérsia gerada pelo arianismo, uma doutrina proposta por Ário, um presbítero de Alexandria.

Ário argumentava que Jesus Cristo, embora fosse divino, não era coeterno com Deus Pai e, portanto, não compartilhava a mesma essência divina. Essa visão contrastava com a crença ortodoxa de que o Filho era consubstancial com o Pai, ou seja, que ambos tinham a mesma natureza divina.

O Concílio rejeitou as ideias de Ário, afirmando que Jesus Cristo é “consubstancial” (homoousios) com Deus Pai. Isso significa que Jesus e o Pai compartilham a mesma essência divina, reforçando a doutrina da Trindade.

Os bispos presentes no concílio elaboraram o Credo Niceno, uma declaração de fé que expressava a crença na divindade de Cristo e estabelecia as bases da ortodoxia cristã. Esse credo foi uma resposta direta às especulações arianas e buscava unificar a fé cristã.

Concílio de Constantinopla (381)

Convocado pelo imperador romano Teodósio I, o objetivo principal do concílio foi afirmar a ortodoxia cristã e resolver questões teológicas e eclesiásticas controversas da época.

No final do século IV, o Império Romano estava em um estado de grande agitação religiosa e política. O Concílio de Constantinopla surgiu em um momento em que havia uma necessidade urgente de definir claramente a doutrina cristã, especialmente em relação à natureza de Cristo e ao papel do Espírito Santo, após as disputas que surgiram do Primeiro Concílio de Niceia.

O Concílio reafirmou e expandiu o Credo Niceno, formulado no Concílio de Niceia. O Credo Niceno-Constantinopolitano tornou-se a declaração oficial de fé cristã, destacando a divindade do Espírito Santo e a natureza trinitária de Deus.

O concílio condenou o Macedonianismo (ou pneumatomachismo), uma heresia que negava a divindade do Espírito Santo. Esta decisão foi crucial para afirmar a crença na Trindade e a igualdade entre as três pessoas divinas.

Concílio de Éfeso (431)

Os concílios de Niceia e Constantinopla foram fundamentais para estabelecer e consolidar a base doutrinária da Igreja Cristã. Suas decisões sobre a natureza de Cristo e a Trindade criaram o contexto teológico necessário para o Concílio de Éfeso, que tratou das implicações dessas definições na compreensão da natureza de Cristo e na Mariologia. O Concílio de Éfeso, portanto, pode ser visto como uma continuidade e um desenvolvimento das questões discutidas nos concílios anteriores, refletindo a evolução da teologia cristã e a busca contínua por uma definição ortodoxa da fé cristã.

O Concílio de Éfeso se concentrou principalmente na natureza de Cristo, especificamente na questão de como as naturezas divina e humana coexistem em Jesus. O concílio teve que enfrentar as implicações das definições doutrinárias anteriores, especialmente as do Concílio de Niceia e Constantinopla. A questão era se Cristo era uma pessoa com duas naturezas distintas ou uma única pessoa com duas naturezas unidas.

O Concílio foi convocado para abordar a heresia de Nestório, que enfatizava uma separação entre as naturezas divina e humana de Cristo, argumentando que Maria não deveria ser chamada de “Mãe de Deus” (Theotokos) porque ela era apenas a mãe da natureza humana de Cristo. O Concílio de Éfeso rejeitou essa visão, reafirmando a visão de que Maria poderia ser chamada de Theotokos, baseada nas definições anteriores da Trindade e na natureza de Cristo.

A Festa da Dedicação da Basílica de Santa Maria Maior é um momento de grande significado para os católicos, reafirmando a devoção à Virgem Maria e celebrando um dos mais antigos e importantes santuários dedicados a ela.

Veja a Homilia de São Cirilo de Alexandria, bispo, proferida no Concílio de Éfeso sobre o Louvor de Maria, Mãe de Deus

Nossa Senhora viveu em Éfeso (atual Turquia) com São João Evangelista?

A tradição de que Nossa Senhora viveu na Turquia com São João Evangelista é baseada em uma combinação de tradições antigas, textos apócrifos e revelações místicas, sendo que a localização mais citada é a cidade de Éfeso.

Éfeso era uma cidade significativa no mundo romano, situada na costa ocidental da Ásia Menor (atual Turquia). Era um centro importante para a primeira igreja cristã. Existem fortes tradições e evidências históricas que sugerem que João viveu e exerceu seu ministério em Éfeso, onde também escreveu parte de seus escritos, incluindo o Evangelho e as cartas que levam seu nome.

De acordo com o Evangelho de João, Jesus, ao morrer na cruz, confiou sua mãe Maria aos cuidados de João (João 19:26-27). João Evangelista é tradicionalmente considerado o discípulo amado de Jesus. Após a ressurreição de Jesus e o início da missão apostólica, João é associado a várias localidades, incluindo Éfeso, na atual Turquia.

No século XIX, uma freira alemã chamada Anne Catherine Emmerich teve visões detalhadas sobre a vida de Maria, incluindo sua residência final em Éfeso. Baseado nessas visões, uma casa foi descoberta no Monte Koressos (ou Monte Aladağ) perto de Éfeso, que hoje é um local de peregrinação conhecido como a “Casa da Virgem Maria”.

Embora não haja consenso definitivo sobre a localização exata dos últimos anos de Maria, a tradição de que ela viveu em Éfeso sob os cuidados de São João Evangelista é amplamente aceita em certos círculos cristãos, especialmente com base nas visões de Anne Catherine Emmerich e as descobertas arqueológicas associadas. A “Casa da Virgem Maria” em Éfeso continua a ser um local de veneração e peregrinação.

O local já foi agraciado com bênçãos apostólicas e recebeu visitas de diversos papas ao longo dos anos. A primeira visita ocorreu em 1986, pelo Papa Leão XIII, e a mais recente foi em 2012, com o Papa Bento XVI.

Conhecer e entender Maria, Mãe de Deus, é fundamental para uma compreensão completa de Jesus Cristo. Maria não é apenas uma figura periférica, mas central na história da salvação e na teologia cristã. Ela nos ajuda a entender a plena divindade e humanidade de Jesus, a natureza da encarnação, e a profundidade da obra redentora de Cristo.

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