A “Stabat Mater Dolorosa” é uma sequência litúrgica do século XIII, atribuída a Jacopone da Todi, um poeta e frade franciscano italiano. Essa sequência é uma das mais conhecidas e poderosas do rito romano, sendo frequentemente utilizada na liturgia católica, especialmente durante a Semana Santa.
A sequência é datada do século XIII e é atribuída a Jacopone da Todi, embora a autoria exata não seja completamente certa. Jacopone, que viveu de 1230 a 1306, era conhecido por sua devoção e pelas suas obras poéticas que refletiam uma profunda espiritualidade e um forte sentimento de compaixão pelos sofrimentos de Cristo e de sua mãe, Maria.
A “Stabat Mater Dolorosa” é composta por 20 estrofes de três versos cada. O texto é escrito em latim e segue um esquema métrico e rítmico que facilita a sua musicalização.
Hino Stabat Mater Dolorosa (Texto em latim com tradução em português)
Stabat Mater dolorósa | A Mãe dolorosa estava
iuxta Crucem lacrimósa, | junto à cruz, lacrimosa,
dum pendébat Fílius. | enquanto seu Filho pendia.
Cuius ánimam geméntem, | Sua alma, gemendo,
contristátam et doléntem, | contristada e sofrendo,
pertransívit gládius. | uma espada atravessou.
O quam tristis et afflícta | Ó quão triste e aflita
fuit illa benedícta | esteve aquela bendita
Mater Unigéniti! | Mãe do Filho Unigênito!
Quae moerébat et dolébat, | Que chorava e sofria,
pia Mater, dum vidébat | a piedosa Mãe, enquanto via
nati poenas íncliti. | as penas de seu Filho.
Quis est homo qui non fleret, | Quem é o homem que não choraria,
Matrem Christi si vidéret | ao ver a Mãe de Cristo
in tanto supplício? | em tanto suplício?
Quis non posset contristári, | Quem não se entristeceria,
Christi Matrem contemplári | contemplando a Mãe de Cristo
doléntem cum Fílio? | sofrendo com seu Filho?
Pro peccátis suae gentis | Pelos pecados de seu povo
vidit Iésum in torméntis | viu Jesus em tormentos
et flagéllis súbditum. | e submetido aos açoites.
Vidit suum dulcem natum | Viu seu doce Filho
moriéntem desolátum, | morrendo desolado,
dum emísit spíritum. | quando entregou o espírito.
Eia Mater, fons amóris | Ó Mãe, fonte de amor,
me sentíre vim dolóris | faz-me sentir tua dor
fac, ut tecum lúgeam. | para que eu chore contigo.
Fac ut árdeat cor meum | Faz que meu coração arda
in amándo Christum Deum, | em amar a Cristo, Deus,
ut sibi compláceam. | para que eu Lhe agrade.
Sancta Mater, istud agas, | Santa Mãe, faz isso,
Crucifíxi fige plagas | crava as chagas do Crucificado
cordi meo válide. | fortemente no meu coração.
Tui nati vulneráti, | Do teu Filho ferido,
tam dignáti pro me pati, | que por mim foi digno de sofrer,
poenas mecum dívide. | divide comigo as penas.
Fac me tecum pie flere, | Faz-me contigo chorar,
Crucifíxo condolére, | compadecer-me do Crucificado,
donec ego víxero. | enquanto eu viver.
Iuxta Crucem tecum stare, | Junto à cruz contigo estar,
et me tibi sociáre | e a ti associar-me
in planctu desídero. | em pranto, desejo.
Virgo vírginum praeclára, | Ó Virgem das virgens ilustre,
mihi iam non sis amára, | não sejas amarga para mim,
fac me tecum plángere. | faz que eu chore contigo.
Fac, ut portem Christi mortem, | Faz que eu leve a morte de Cristo,
passiónis fac consórtem, | participe de Sua paixão
et plagas recólere. | e medite em Suas chagas.
Fac me plagis vulnerári, | Faz-me ser ferido por Suas chagas,
fac me Cruce inebriári, | inebriar-me na cruz
et cruóre Fílii. | e no sangue do Filho.
Flammis ne urar succénsus, | Para que não me queime nas chamas,
per te, Virgo, sim defénsus | que eu seja defendido por ti,
in die iudícii. | ó Virgem, no dia do julgamento.
Christe, cum sit hinc exíre, | Cristo, quando eu partir daqui,
da per Matrem me veníre | concede que, por Sua Mãe,
ad palmam victóriae. | eu chegue à palma da vitória.
Quando corpus moriétur, | Quando o corpo morrer,
fac, ut ánimae donétur | faz que à alma seja dada
paradísi glória. Amen. | a glória do paraíso. Amém.
Este hino é tradicionalmente cantado durante a Sexta-Feira Santa e nas festas dos Sete Dores de Maria, ao longo do ano litúrgico. Ela também é frequentemente utilizada em devoções privadas e em celebrações marianas.
A sequência inspirou inúmeros compositores ao longo dos séculos. Obras musicais baseadas no “Stabat Mater” foram compostas por mestres como Giovanni Battista Pergolesi, Antonio Vivaldi, Franz Schubert, Antonín Dvořák e muitos outros. Essas composições variam desde simples cantos gregorianos até elaboradas obras orquestrais e corais.
Devoção a Nossa Senhora das Dores
Nossa Senhora das Dores, também conhecida como Mater Dolorosa, é um título dado à Virgem Maria em referência aos seus sofrimentos e dores. A devoção a Nossa Senhora das Dores centra-se principalmente nos Sete Dores de Maria, eventos específicos na vida de Maria que causaram grande sofrimento. Esta devoção tem uma profunda ligação com o hino “Stabat Mater Dolorosa”.
O Maria, Mater Dolorósa, | Ó Maria, Mãe Dolorosa,
iuxta Crucem lacrimósa, | junto à cruz, lacrimosa,
intercéde pro nobis. | intercede por nós.
Amen. | Amém.
As Sete Dores de Maria
Os Sete Dores de Maria são momentos-chave de tristeza e dor que ela experimentou, e são tradicionalmente meditados pelos devotos. Esses momentos são:
A Profecia de Simeão: Quando Simeão, no Templo, profetizou que uma espada de dor atravessaria a alma de Maria (Lucas 2:34-35).
A Fuga para o Egito: Quando Maria e José fugiram para o Egito para salvar Jesus da perseguição de Herodes (Mateus 2:13-15).
O Perdimento do Menino Jesus no Templo: Quando Maria e José perderam Jesus por três dias e o encontraram no Templo (Lucas 2:41-50).
Maria Encontra Jesus no Caminho do Calvário: Quando Maria encontrou Jesus carregando a cruz a caminho do Calvário (Lucas 23:27-31; João 19:17).
A Crucificação e Morte de Jesus: Quando Maria ficou ao pé da cruz durante a crucificação de Jesus (João 19:25-30).
Maria Recebe o Corpo de Jesus Tirado da Cruz: Quando o corpo de Jesus foi descido da cruz e colocado nos braços de Maria (Mateus 27:57-59; João 19:31-37).
O Sepultamento de Jesus: Quando Jesus foi colocado no sepulcro (Marcos 15:40-47).
A festa de Nossa Senhora das Dores
A festa de Nossa Senhora das Dores é celebrada pela Igreja Católica no dia 15 de setembro, um dia após a festa da Exaltação da Santa Cruz. Esta celebração é um tempo especial para os fiéis meditarem sobre as dores de Maria e se unirem a ela em sua compaixão pelos sofrimentos de Jesus.

Existem várias devoções e orações específicas a Nossa Senhora das Dores, incluindo o Rosário das Sete Dores, que medita sobre cada um dos sete sofrimentos. As estações das Sete Dores também são uma prática devocional onde os fiéis refletem sobre cada dor específica de Maria.
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